Foto de David Lucena de reportagem da Gazetaweb 28.11.11 |
Após o despejo, 50 famílias ficaram à margem da BR 104 e 25 acamparam de frente ao Incra
Nesses dez meses que estão na Praça
Sinimbu, Centro de Maceió, de cara para o Incra, as famílias que foram
despejadas da Fazenda Cavaleiro (também conhecida como Gulangi) em Murici, ficaram
sem
poder trabalhar nem criar – consequentemente sem alimentos frescos e a
fartura com a venda de excedentes. A qualidade de vida, que era pobre, se agravou
e aproximou-se do estado de miséria. Os sem terra dividem espaço com os “sem
teto” do artesanato Guerreiros de Maceió que após o incêndio do “Cheiro
da Terra” na orla, perambula
como nômades da sobrevivência.
Nessa segunda-feira (28), acampados
de várias regiões do estado vieram prestar solidariedade aos irmãos-diásporas do
campo e da terra prometida e anunciaram vinda de mais caso a solução demore. Como
esse ano não haverá resultados, trouxeram palhas de palmeira para fazer um
galpão para assembléias e, numa demonstração de fé e prece, fizeram uma manjedoura.
Como não plantam as cestas de pouco mais de 20 quilos são insuficientes para as
famílias. Sem a devida atenção,
banheiros e água foi improvisado.
A Coordenação do MTL e da Praça (acampamento)
se reuniram no final da tarde com a superintendente do INCRA, Lenilda Lima, que
avisou que aproveitará uma agenda já estava marcada para amanhã em Brasília
para tratar do assunto da praça e das demais pautas do MTL.
Sem a rotina matinal de campo
[acordar cedo com cantar de aves e pássaros, cuidados com a pequena pecuária,
tirar leite, café do campo reforçado, tratos culturais] deu lugar a barulhenta [e
violenta] despertar da cidade. Durante o dia e até parte da noite, além do
tráfego intenso e muitos transeuntes, a situação é degradante nessa “vila rural”
que, pela sua estrutura, organização [embora irmãos na pobreza] com diferentes
pautas e formas de lutar, não se confunde com favela.
O MTL apresentou desde o inicio desse
despejo violento (da usina, judiciário e estado) imóveis alternativos para que
pudesse alojar dignamente as famílias que fazem questão de estarem na cidade
vendendo seus produtos e comprando o que não produzem. Houve agenda com o MDA
em Brasília com representantes do Incra e do governo do estado de Alagoas. Anúncios
de recursos que emperra na burocracia e nas lentas dúvidas do Iteral. Depois de
mais de 20 despejos em dois meses, o Governo do estado criou o Comitê para
mediar conflitos agrários. Avançou os despejos e continua travada a reforma agrária.
Também nesse período, o Judiciário
foi procurado pelos proprietários para uma provável “cessão” de terras para “resolver”
os problemas dos sem terra nos acampamentos. Mesmo com condições impostas [uma delas era com a
disposição da terras os movimentos paravam de ocupar por um tempo, enquanto
organizavam do neoprodutores) para
tentar desqualificar a reforma agrária, os movimentos num gesto ímpar aceitaram
e na hora de colocar as terras na “mesa” o setor veio com anúncios de
classificados recortes de jornais aos invés de certidões e escrituras.
Na ânsia de desmoralizar a reforma
agrária, os fazendeiros acabaram desmoralizando a si próprios e expuseram o
judiciário [na pessoa do presidente] que demonstrou sensibilidade e compromisso
social na corajosa tentativa de mediar conflitos entre os lados opostos e acalmar
assim, campo e cidade das ocupações, bloqueios, entre outros transtornos.
Igualmente é preocupante que em sue
primeiro ano, e no período do despejo das famílias da Fazenda Cavaleiro, O
governo federal tenha atrasado a reforma agrária. Atrasou em oito meses
liberação de cestas básicas; em até cinco meses de salários de assistência técnica;
contensão do orçamento do INCRA/MDA nas ações vitais para avançar contra a
miséria do campo; e o mais grave: as notícias de maior repercussão do Incra
nacional é uma tentativa de esvaziamento das funções dos INCRAs nos estados com
reforma na sua estrutura; e que o
INCRA retomou 100 mil lotes em dez anos;
(A coordenação do MTL em Alagoas)
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