quinta-feira, 31 de maio de 2012

Prefeita de Branquinha e compradores de lotes armados impediram a entrada no Assentamento

As famílias sem ter para onde ir, voltaram para Maceió e ocuparam o INCRA.
 
Confirmaram-se as previsões e preocupações da coordenação do MTL na metodologia e da logística necessária para o remanejamento das 27 famílias que ocupavam a Praça Sinimbu ha 15 meses. A ordem de despejo orquestrada pelo Prefeito de Maceió, Cicero Almeida foi cumprida. Mas as famílias não conseguiram se instalar no Assentamento Flor do Mundaú, sediado no município de Branquinha, e retornaram para Maceió.
O desmonte das barracas improvisadas de lona e madeira começou por volta das oito horas. Mesmo contestando a infraestrutura montada para o deslocamento e instalação provisória, houve família que arrumou o que tinha de roupas e a pouca mobília ainda ontem à noite. "Com toda desgraça de mais um despejo e de não ser para nossa terra, estamos indo para o campo onde é nosso lugar", dizia uma das moradoras, completando que "no campo, a vista, o ar e o silencio são outro" completava.
Outro motivo animava os agricultores sem terra: as chuvas que caíram esses dias eram propícias para algumas lavouras. Chegaram a fazer planos, de gradear bastante terra, plantar coletivamente e depois dividir a plantação em partes iguais.
Os trabalhos de desocupação foram concluídos por volta das 14 horas, quando saiu o primeiro caminhão e os ônibus com as pessoas. Os transportes para famílias e pertences foram dois ônibus, três caçambas e três caminhões. Quando chegaram no assentamento por volta das 16 horas, foram surpreendido com muitos trabalhadores saindo dos matos das margens da estrada de acesso ao imóvel, bloqueando e ameaçando atear fogo no carro, caso avançassem. Nesse momento só se encontravam os trabalhadores que seriam alojados. A comissão do Incra e Diretos humanos ainda estava a caminho.
Todos com os ânimos  bem acirrados e se diziam preparados para tudo. Portanto não portavam ferramentas de trabalho nem qualquer outro instrumento que representasse ameaça nas mãos. Mas foi notado bastante estavam com armas de fogo na cintura, denunciou um dos sem terra que assistia o episódio. Nesse momento uma voz vinda da multidão acalmou os demais dizendo que "eles não tem culpa, não. Não queriam vir. foram trazidos enganados". Esse grito evitou um confronto entre trabalhadores.
Eram cerca de 150 pessoas. E para surpresa de todos, os trabalhadores que reagiram a instalação dos sem terra, ainda que provisoriamente, não eram todos do assentamento Flor de Mundaú. Foi identificado gente dos cinco assentamentos do governo federal que há no município. E se encontravam entre eles a Prefeita da Cidade, Renata, acompanhada das lideranças das demais áreas e o presidente do STR.
Por Volta das 17 horas, chegou ao local do tumulto, a comitiva do Incra, inclusive a Superintendente Lenilda Lima. E começou um bate-boca entre autoridades. A prefeita que estivera no Incra no final da tarde anterior e assumiu compromissos de recepção e apoio aos sem terra, tão logo saiu do Incra, montou um plano com recursos públicos, com locação de carros e doação de combustíveis para mobilizar os trabalhadores dos assentamentos federais e criar conflitos contra os sem terra e ironicamente contra o dono da área que é INCRA.
A prefeita bem exaltada e inflando os assentados, esbravejava que Branquinha não comportava esse pessoal. Mas diferentemente do ela falou, o pessoal não iria para a área urbana e sim para o campo e para um imóvel federal para trabalhar. Tão pouco pediu serviços ou assistências. Com isso não iria prejudicar nada da cidade.
Segundo um servidor do órgão federal, "O episódio mostrou que a prefeitura abusou da competêntecia. Ela era não só era a única invasora da área de domínio federal, como liderou, e obstruiu os serviços da autarquia federal que é quem investe em infraestrutura, assistência técnica e créditos, entre outras políticas públicas. A prefeitura não tem suporte nem competência para gerir os assentamentos, quando entra é como parceiro com contrapartidas irrisórias, quando não são dispensados. Incra não pede para entrar em seu território. Mas, prefeitura não pode fazer nada sem permissão".
A suspeita dos trabalhadores que por trás dessa reação liderada pela prefeita e presidente do sindicato não tem nada haver com o acarretamento dos serviços municipais, e sim político, para proteger as compras de lotes. É que nos trabalhos de vistoria dos lotes comprados irregularmente nessa região entre Messias e União identificou gente do meio político, servidor público, comerciantes, entre outros – gente que não se enquadram no perfil.
Na fiscalização, foi flagrada mansões, piscinas, pecuária e estrutura para cavalhada. Um assentado  confessou aos gritos diante de todos: "comprei, paguei e estou aqui há dez anos e fui homologado pelo Incra" sem revelar por qual servidor. Outro revelou que em branquinha havia mais de 100 lotes negociados.
Os Sem terra resolveram não se meter, pois para lá estavam sendo levados e resolveram retornar para Maceió no mesmo carro. "Não somos contra a ordem judicial. Apenas queríamos mais respeito por parte das autoridades" disse desabafou Rafael Simão da Coordenação. "Isso mostra que quando se tratar de despejo, o judiciário tem que ser mais compreensível e que quando há uma demora é em criar todas as condições para o cumprimento sem baixas, sem violência" completou.
O sonho de sossego e planos de dias melhores até a compra definitiva da terra durou pouco. "As famílias chegaram no Incra por volta das 20 horas, onde dormiram à noite. Os caminhões com os pertences não serão descarregados. O povo cansado só pegou agasalhos. Amanhã vamos decidir o que faremos", disse um dos coordenadores das famílias. Houve uma reunião no Incra entre a Direção e as famílias. Foi dado garantia que nada seria depredado. A direção do órgão garantiu que vão buscar saídas.
"É hora de Incra, Governo de Alagoas e MDA darem resposta do convênio que tem o tempo da ocupação da praça" – disse Antônio Alves, membro da coordenação. A burocracia nesse caso está extrapolando, quando há manifestações favoráveis dos governos federal e estadual e já há experiência dessa natureza sendo implantada em Sergipe.
Maceió estaria livre de muitos tormentos se o judiciário aplicasse Constituição Federal e não concedesse despejo em terras improdutivas. Todo juizado contraria uma parte e ela que recorra na instância superior - é o ordenamento jurídico. É garantido o direito de propriedade, mas quem não cumpre a função social não produzindo, nem gerando empregos com boas relações trabalhistas, agredindo o meio ambiente, não gerando bem estar para si e para os empregados e nem usa a terra de forma racional é punido com desapropriação com pagamento justo com preço de mercado, segundo a CF/88. Cabe ao Governo federal através do Incra a avaliação desses critérios e a instauração do processo expropriatório.

 

(A coordenação do MTL)

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Após 15 meses e seis dias, sem terra desocupam a Praça Sinimbu em Maceió


 Prefeito de Maceió acionou a justiça, e elas voltam ao campo sem solução da compra de imóvel rural.

 


NOTA À IMPRENSA E À SOCIEDADE


FAMÍLIAS DEIXARÃO A PRAÇA SINIMBU SEM SOLUÇÃO DE SUA PAUTA.

 


 


 


 


1.      Nesta quinta-feira (31), completados 15 meses e seis dias, foi o prazo acertado para que as famílias sem terra desocupem a Praça Sinimbu. Elas são oriundas da fazenda Cavaleiro, também conhecida como Gulangi, na Zona rural de Murici, Alagoas e vieram para este logradouro público, não pelo simples fato de virem reclamar pauta - como sempre, atrasada e lenta da reforma agrária – e sim vítimas de despejo violento e do abandono pelos poderes públicos par com a reforma agrária.


2.      Este prazo foi acertado em reunião do Comitê de Mediação de Conflitos Agrários, ocorrido no dia 25. Mas, na ocasião, além do tempo, também foi interpelado pela Coordenação as condições como logística e segurança para esse remanejamento, evitando assim mais violências, a quem já não suporta o flagelo da miséria e do descaso, comum a quem tem sido vítima da insegurança pública.


3.      No Comitê  o Coordenador do MTL, Rafael  Carlos, manifestou preocupação tanto com o que até agora andou o Convênio para compra de quatro imóveis em conflitos (um para cada movimento: MTL, MST, MLST CPT), quanto às respostas das instituições de quem depende a logística necessária para o despejo;


4.      O destino provisório para as famílias, enquanto não ocorre a compra do imóvel através do convênio,  foi acertado informalmente por volta das 18 horas desta quarta-feira (30) que seria para três lotes desconexos  em assentamento no município de Branquinha. O Movimento sugeriu que uma comissão (Incra, Vara Agrária, CGCPCPM e MTL) fosse até o local para verificar as condições de instalações e convivência na comunidade.  A comissão foi no dia 29, mas o principal (famílias acampadas) não foi para a visita in locu.


5.      Os lotes que receberão as famílias, segundo a direção do Incra, estão abandonados, mas não foram retomados legalmente. Também não se tomou conhecimento se as famílias do assentamento foram avisadas da nova vizinhança. O Incra colocou algumas restrições para a convivência, informalmente. Também não notificou (pessoalmente ou via edital) os "donos" que abandonaram os lotes, tão pouco deu autorização por escrito para que as famílias lá  permaneçam.


6.      A preocupação do MTL em comunicação  à comunidade, autorização e da notificação dos "proprietários" que, não estão nos lotes e adquiriram irregularmente sem se enquadram no perfil da reforma agrária,  é que diante da presença das famílias, teme-se em reação violenta dos "donos", ou conflitos futuros com os vizinhos assentados.


7.      O Incra vai providenciar 27 cestas básicas e três rolos de lonas e um caminhão; a prefeitura de Maceió cederá ônibus apenas. Ninguém previu madeira e esta é outra preocupação que possa haver buscas para queimar ou construir barracas, ou fazer cercados para animais, agredindo o meio ambiente. O que tem bastante no pátio do IBAMA, que emergencialmente teria uma utilidade pública;


 


8.      Logo cedo nesta quinta (31) uma Comissão irá na frente composta pelo INCRA, Centro Direitos Humanos da PM e  ocupantes da praça. E as demais famílias farão o trajeto algumas horas depois;


9.      A prefeita de Branquinha foi convidada no INCRA para reunião que foi até depois das 17 horas. Se comprometeu a apoiar as famílias com ações da Secretaria da Agricultura, Assistência social e à saúde após a instalação. Solicitou a quantidade de crianças e idosos para ver o tipo de assistência e a necessidade de vagas em escolas.


10.  Quanto ao Convênio que aportará recursos para a compra de imóveis que estruturará efetivamente aquelas famílias, vale lembrar que, nas mobilizações do Abril Vermelho, os Movimentos tiveram audiência com o Governador, que se comprometera a tratar do assunto no dia seguinte com o neo-Ministro do MDA Pepe Vargas. Este por sua vez se comprometeu a estudar o assunto.  Foi reiterado pelo Governo de Alagoas via e-mail sobre necessidade de presença de alguém de Brasília para compromissar essa pauta, a resposta foi que enviaria representação.


11.  Não enviou ninguém do MDA/DF, desrespeitou o Comitê, esforço criado pelo governo alagoano que agrega setores de disputa de terras (Incra, Movimentos e latifundiário), o judiciário (TJAL e Vara Agrária) Promotoria e Defensoria Agrárias, entre outros . Quem representou localmente o Ministro foi Gilberto Coutinho, que de nada sabia e nada disse, a não ser que iria a Brasília saber do assunto essa semana (sem notícia da agenda).


12.  Quanto às retomadas de lotes, já que os lotes destino para este despejo não estão retomados legalmente, o MTL lamenta que após mais de ano, não houve um lote sequer retomado, nem se tem notícia da sindicância e satisfação à sociedade sobre quais servidores realmente  envolvidos e eventuais penalidades aplicadas. O  MTL  teme o que os assentados já comentam: "com a demora e sem tomar nenhum lote, isso não vai dar em nada"   e que voltem as negociações de compra-e-venda e arrendamento irregulares.


13.  Quando as famílias estão em terras improdutivas o judiciário e o governo as violentam e despejam em defesa de latifundiários, de cana e de gado. E agora da praça. Temos uma Vara Agrária que, com exceção do juiz-fundador (Carlos Cavalcante), é a única no país que tem resultados de decisões 100% para um lado só (dos fazendeiros) sem levar em conta a improdutividade, motivo que em Minas Gerais foi levado ao CNJ. A Constituição Federal protege  as propriedades produtivas e pune as improdutivas com desapropriação. Menos para o judiciário de Alagoas!


15.  Sofrendo mais essa violência, de mais um despejo sem ter a terra, as famílias se solidarizam com os alagoanos vítimas da violência, em especial aos maceioenses. Os Pobres e os assassinatos não são a causa da violência, e sim, consequência do descaso e inércia das autoridades. Enquanto isso  discutem aumento de vereadores em Maceió, aumentam e os duodécimos, gastanças com consultorias e discutem as eleições desse ano.


16.  No mais, as famílias decidiram que dará um prazo de 45 dias para o convênio seja assinado, quando será realizada uma assembleia e decidirão a permanência ou os rumos que tomarão. Que as mortes dos Josés e Marias, das grotas, bairros pobres e nobres, e as de motivação homofóbica não sejam mera estatística, que estas, e o povo nas ruas façam os gestores públicos perderem os sonos, ou deixem seus cargos por incompetência.


 


Nossos agradecimentos pela hospitalidade. OUSAR LUTAR. OUSAR VENCER!


 


Maceió, 30 de maio  de 2012


A coordenação do MTL/AL


 


segunda-feira, 28 de maio de 2012

Prefeito de Novo Lino é denunciado por crime eleitoral

 

Everaldo Barbosa (PMN) já doou parte de 300 terrenos na véspera das eleições.

 

No dia 14, cerca de 150 sem teto do MTL ocuparam a prefeitura de Novo Lino. A desocupação ocorreu mediante agenda de reunião para o dia 22, na Sede da SEINFRA em Maceió, com as presenças do Secretário Marco Fireman,  do Centro de Gerenciamento de Crises da PM,   promotora, Defensor público e o prefeito  da Cidade de Novo Lino, Everaldo Barbosa (PMN), com uma comissão dos Sem teto.

No dia da reunião  o Secretário Marco Fireman, através de sua assessoria,  desmarcou a agenda de última hora. A comissão dos sem teto já se encontrava em Maceió.  A nova data ficou para esta segunda-feira  (28). Para surpresa do MTL, quando a comissão chegou na SEINFRA  ( Maceió) às 15 horas, foi surpreendida  com a ausência do secretário. O MTL não aceitou tratar o assunto com assessoria e achou  um desrespeito do governo do estado, representado por Marco Fireman,  que estava se recusando a receber a comissão.

O clima é tenso, pois o coletivo do MTL na Cidade acusa Everaldo Barbosa de usar policiais-seguranças para ameaçar as famílias  de despejo e de cometer crimes diante de autoridades. Além de descumprir acordo mediado pelo  Desembargador James Magalhães que homologou a compra do terreno em 2008 junto à prefeitura,  a ex-proprietária e o MTL, dando direito da famílias permanecerem no terreno e pondo fim ao despejo.

"Everaldo perdeu prazo para elaboração do projeto em todo seu mandato, e  nas vésperas das eleições, está doando trezentos terrenos cometendo crime eleitoral, o que pode desiquilibrar a disputa por uso da máquina pública, mesmo com candidatura duvidosa" - disse uma liderança dos sem teto.  Segundo ele, a doação de imóvel  público não foi aprovada na câmara de vereadores . Outra  moradora sem teto denunciou, temendo se identificar,  que "a equipe do prefeito estaria exigindo título eleitoral para formular o contrato de doação".  

Técnicos da Caixa Econômica Federal  ao checar análise de permeabilidade do solo descartou uma parte do terreno para habitações pela capacidade de encharcamento em tempos chuvosos - esse espaço também é alvo de doação. Para complicar ainda mais a ação, a Defesa Civil Estadual fez uma vistoria numa rua onde foram construídas casas irregularmente e apontou sérios riscos de desabamentos, caso a prefeitura não aja para acontecer uma catástrofe. No relatório de abril, os técnicos apontaram para um estudo geológico para orientar a prefeitura sobre sua expansão urbana.  

Everaldo Barbosa, após a ocupação na prefeitura passou a recolher os papéis da cessão criminosa, tentando apagar provas da ilicitude, dizendo que faria um sorteio, sem deixar cópias. Vários se recusam a devolver. E o local da farra dos terrenos não tem a licença ambiental para tal desmembramento dos lotes urbanos. A única licença obtida no IMA foi para uma área desmembrada para apenas 30 casas, onde caberia 300. A coordenação dos Semteto vai levar o caso à justiça.

(MTL/AL)     

 

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