quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Trabalhadores sem terra denunciam violência da PM de Alagoas durante ocupação

Em 2 ocupações realizadas na terça (24), funcionários de usinas e a Polícia espancaram trabalhadores. O despejo não tinha ordem judicial

Violência, corre-corre, confusão, truculência policial. Não, não estamos falando do massacre que está ocorrendo na comunidade Pinheirinho, em São José dos Campos, interior de São Paulo, onde mais de 7 mil famílias estão sendo despejadas na base da força para atender a especulação imobiliária patrocinada pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB). Essa cena aconteceu nesta terça-feira (24) em Maceió, contra mães, pais e crianças que fazem parte do Movimento Terra Trabalho e Liberdade (MTL).

Segundo relatos dos trabalhadores sem terra, o movimento realizou seis ocupações em espaços públicos para cobrar que o governo de Alagoas libere recursos para que o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) faça vistoria nos assentamentos do movimento no Estado. Só na região de São Luiz do Quitunde, o MTL possui 11 assentamentos que faltam saneamento básico e infraestrutura para que as famílias possam sobreviver.

Em duas das seis ocupações, as que ficavam próximas às usinas Santa Clotilde e Cachoeira do Mirim, os trabalhadores foram surpreendidos no momento em que montavam as barracas de lona. “Um companheiro nosso estava cortando a lona quando os jagunços junto com policiais militares chegaram empurrando todo mundo. Ele cortou o dedo com a ferramenta que ele usava para cortar a lona”, contou um dos coordenadores do MTL, Antônio Alves ao Primeira Edição. Segundo ele, oito funcionários da Usina Cahoeira do Mirin auxiliaram a polícia na ação.

Alves informou ainda que a ocupação estava sendo feita às margens da AL 101, e que para serem despejados, a polícia deveria ter apresentado uma ordem judicial. “Eles não explicaram nada. Só chegaram já batendo na gente e tomando as nossas coisas”, explicou o sem terra. Depois de repressão à base da violência, as 23 famílias que participavam a ocupação foram obrigadas a entrar em um caminhão. Eles foram despejados próximos a Praça Padre Cícero, no Conjunto Benedito Bentes.

Nesta quarta-feira (25), os trabalhadores procuraram órgãos como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/AL) e o Ministério Público Estadual para denunciar o abuso cometido pela polícia. O trabalhador que foi ferido durante a repressão ocorrida próximo a Cachoeira do Mirim, esteve na tarde desta quarta-feira no Instituto Médico Legal Estácio de Lima, em Maceió, para passar por exame de corpo de delito.

De acordo com Antônio Alves, na próxima terça-feira (31) às 10h no Fórum Agrário, uma reunião com representantes da OAB, MPE, Incra e Comissão de Direitos Humanos (CDH/AL) está marcada e lá os trabalhadores do MTL irão apresentar as denúncias de abuso cometidas pela polícia.

Um novo acampamento às margens da rodovia, próximo a entrada do Conjunto Benedito Bentes está sendo levantado pelo MTL. "Vamos resistir até que a nossa luta seja ouvida pelo Governo", contou Alves.


Fran Ribeiro/www.primeiraedicao.com.br

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Famílias da Praça Sinimbu completa um ano de despejo

Em protesto, MTL mobiliza 400 famílias e ocupa 6 fazendas em Alagoas.


Completou um ano o despejo das famílias que estão na da Praça Sinimbu, onde cerca de 70 famílias foram despejadas violentamente em 24 de janeiro de 2010 da fazenda cavaleiro, também conhecida como Gulangi, em Murici. Com a expulsão as famílias montaram acampamento á margem da BR 104 no mesmo município.

Temendo cair no esquecimento e de ser vítima de mais violência na margem da rodovia, depois de muitas perdas de lavouras destruídas e as sequelas do despejo, vinte dias depois, o acampamento se dividiu e 25 das 70 famílias deixaram a rodovia federal e montaram acampamento na porta do INCRA no dia 8 de fevereiro Praça sinimbu, centro de Maceió.

Até fevereiro daquele ano foram contabilizadas 1.283 famílias despejadas de 26 imóveis rurais ligadas aos quatro principais movimentos MTL, CPT, MLST e MST. Um recorde de despejos concedidos pela justiça alagoana através da Vara Agrária que, sem levantar o cumprimento da função social da propriedade, se tornou a única Vara da justiça brasileira a conceder 100% das decisões em favor de uma única classe, nesse caso dos latifundiários, caso que deveria ser analisado pela Corregedoria ou o CNJ.

Em protesto a esse descaso e violência contra os agricultores sem terra com os despejos sempre em favor dos fazendeiros, o MTL ocupou nas proximidades de seis imóveis rurais mobilizando cerca de 400 famílias. O total das áreas que as famílias reivindicam chega a 3.500 hectares nos municípios de Porto Calvo, Murici, Maceió e União. Tendo mais uma fazenda a ser ocupada em rio largo na manhã desta terça-feira (24) dia do aniversário de um ano dos despejos.

Para as famílias, despejadas em janeiro de 2010 do acampamento cavaleiro (Murici) e acampadas na praça em Maceió desde fevereiro do mesmo ano, a saída será um convênio entre o governo federal/Incra e governo de Alagoas para aquisição de um imóvel para cada Movimento social agrário, para compensar as áreas de maior conflitos com despejos realizados ou programados há anos.

A desapropriação desses imóveis será de forma célere com formalidade diferenciada da reforma agrária. O INCRA garante que após o convênio assinado poderá resolver o problema em seis meses. O problema agora está com a capacidade do estado de entrar com vinte por cento do valor total das quatro propriedades, segundo determina a lei dessa modalidade de aquisição de imóveis rurais jamais usada pelo Incra em Alagoas.

Haverá também nesta agenda de protesto contra os despejos violentos pela justiça e governo de estado e pela demora da entrega de lonas que amenizem os efeitos das chuvas, mutirão de coberta das barracas da Praça Sinimbu com palhas com o apoio de cerca de 50 trabalhadores do interior em solidariedade por ocasião das chuvas. Terá início a partir das 10 horas dessa terça-feira (24).

Com os crimes praticados pelos fazendeiros e usineiros como a inobservância dos direitos trabalhistas, trabalho escravo, agressão ao meio ambiente e derrubada de casas com expulsão das famílias do campo, esses promovem uma verdadeira invasão das cidades. Agridem as pessoas e ainda tem o apoio incondicional do estado e da justiça.

(Coordenação MTL/AL)

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