sexta-feira, 22 de julho de 2011

Pesquisa sobre violência doméstica: 59% conhecem uma mulher que já sofreu violência doméstica


15.07.11 - Adital - Brasil
Por Instituto Avon / Ipsos
Iniciativa do Instituto Patrícia Galvão (2009) 
para atuar na produção de notícias e
conteúdos sobre os direitos das mulheres brasileiras


Pesquisa: 59% conhecem uma mulher que já sofreu violência doméstica



Seis em cada 10 brasileiros conhecem alguma mulher que foi vítima de violência doméstica. Desse total, 63% tomaram alguma atitude, o que demonstra a mobilização de grande parte da sociedade para enfrentar o problema.


Esses são alguns dos achados da pesquisa Instituto Avon/Ipsos – Percepções sobre a Violência Doméstica contra a Mulher no Brasil, divulgada hoje (28/06). Entre 31 de janeiro a 10 de fevereiro de 2011, foram entrevistados 1.800 homens e mulheres acima de 16 anos que vivem nas cinco regiões brasileiras. A pesquisa contou com a contribuição do Instituto Patrícia Galvão e da Palas Athena.
Trata-se do segundo estudo sobre o tema realizado pelo Instituto Avon. O primeiro foi feito em 2009, em parceria com o Ibope.

"A pesquisa divulgada hoje pelo Instituto Avon contribui para a compreensão das atitudes e percepções sobre violência doméstica aqui no Brasil, como também abre oportunidades para educação e recursos que vão não somente assistir as vítimas no curto prazo, como também colaboram para por fim no ciclo da violência contra as mulheres no longo prazo." (Andrea Jung, presidenta mundial da Avon).
 59% conhecem uma mulher que já sofreu violência doméstica
"Ao mostrar que 59% dos entrevistados declaram conhecer alguma mulher que já sofreu agressão, a pesquisa nos indica que estamos conseguindo quebrar - mesmo que devagar, mas com consistência - a ideia de 'naturalidade' da violência contra a mulher. Há um crescimento da tomada de conhecimento dessa violência no país, não só da sociedade, mas do Estado brasileiro, que esteve distante de políticas públicas para enfrentar esse problema." (Iriny Lopes, ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República).
                                    94% conhecem a Lei Maria da Pena, mas apenas 13% sabem o conteúdo
"O problema da violência doméstica é muito sério e vai se tornar cada vez mais visível. A Lei Maria da Penha ainda é nova; quanto mais a Lei se tornar conhecida, mais casos de mulheres que sofrem violência irão aparecer. A partir da Lei, as pessoas conseguem identificar que uma amiga, uma vizinha sofre violência.
A Lei está mostrando para o país que a violência contra a mulher é muito grande. Mas ela precisa ser mais conhecida e a imprensa tem um papel fundamental em divulgá-la. Não só jornais, rádios, mas também os programas infantis devem, de forma leve, mostrar para as crianças o que é a violência e orientá-las para pedir ajuda. Uma criança que vivencia um pai agredindo uma mãe também é uma vítima." (Maria da Penha Maia Fernandes, biofarmacêutica que deu nome à Lei Maria da Penha - Lei nº 11.340/2006, que coíbe e pune a violência doméstica contra as mulheres).

                                    62% reconhecem a violência psicológica
"A pesquisa demonstra, com números contundentes, que a percepção de homens e mulheres sobre a gravidade da violência contra a mulher avança na sociedade brasileira. Hoje, 62% da população já reconhece a violência psicológica como uma forma de violência doméstica." (Jacira Melo, diretora do Instituto Patrícia Galvão).

                                    Método inédito: anonimato permite dados mais próximos da realidade
"Esta é a primeira pesquisa que capta informações de homens e mulheres em condição de anonimato. Em certo momento da entrevista, as pessoas preenchem algumas perguntas sem se identificarem, nos revelando um comportamento o mais próximo possível da realidade. Um dos fatos mais importantes revelados pela pesquisa é que 62% reconhecem aspectos bastante diferenciados do que seja a violência, como agressões verbais, humilhação, ameaças e outras formas de violência psicológica. Até pouco tempo atrás, não tínhamos esse tipo de percepção.
Na música, no cinema, a imagem é sempre do tapa, do soco, da agressão física. A pesquisa aponta que a percepção da violência está sendo redefinida. Importante também que o estupro doméstico, pela primeira vez, é identificado como forma de violência". (Fátima Jordão, socióloga, especialista em pesquisas de opinião e conselheira do Instituto Patrícia Galvão)

27% das mulheres entrevistadas declararam já ter sido vítimas de violência doméstica – enquanto apenas 15% dos homens admitiram ter praticado esse crime
"Um dado importante e inovador da pesquisa é a inclusão e o reconhecimento do sexo forçado como uma forma de violência, porque a disponibilidade sexual das mulheres é um dado quase pacífico nas relações afetivas. É a primeira vez que o tema estupro aparece e isso mostra um avanço na percepção das mulheres sobre si mesmas, que passam a não concordar mais com o ato sexual com a obrigação de atender o homem e estar sempre disponível para o marido". (Júnia Puglia, coordenadora de Programa da ONU Mulheres Brasil e Cone Sul)


PORTAS DE SAÍDA DA VIOLÊNCIA E DE ENTRADA NUM MUNDO MAIS DIGNO

Serviço de Utilidade Pública, o número180 presta orientações e informações à população, especialmente às mulheres vítimas de violência, o que é um dos desdobramentos práticos da Lei Maria da Penha, promulgada em 2006.

Funciona 24 horas por dia O número 180 é o recurso mais imediato de que a mulher dispõe para desabafar, relatar seu problema e receber orientações. Por meio da atendente, ela é informada sobre os seus direitos e os serviços de atendimento que funcionam em sua região.

Segundo Ana Paula Schwelm Gonçalves, ouvidora da SPM, delegacias de mulher não funcionam se não houver um centro de referência, por exemplo, com atendimento psicológico e jurídico.
"Não basta uma Casa-abrigo isolada, sem outros serviços especializados que permitam uma ação integrada de enfrentamento. Sem essa rede de apoio, a mulher não consegue sair da situação de violência", explica ela.


Atualmente o país dispõe de:

193 Centros de Referência de Atendimento à Mulher.
388 Delegacias Especializadas no Atendimento à Mulher.
71 Casas-abrigo: locais seguros que oferecem abrigo protegido
e temporário, além de atendimento integral (psicossocial e jurídico)
a mulheres em situação de violência doméstica (acompanhadas ou não
de seus filhos) sob risco de morte iminente. O acesso às Casas-abrigo
se dá somente por encaminhamento dos serviços especializados da rede
de atendimento (que realizam avaliação e triagem).
609 serviços de saúde especializados, com equipes
multidisciplinares capacitadas.
70 Juizados de violência doméstica.
54 Núcleos/Defensorias Especializados de Atendimento à Mulher.
20 Promotorias Especializadas/Núcleos de Gênero do Ministério
Público: movem ação penal pública, solicitam que a polícia civil inicie
ou dê prosseguimento às investigações e solicitam, ao juiz,
a concessão de medidas protetivas de urgência.
• cerca de 1.000 Centros de Referência de Assistência Social: não são
especializados no atendimento à mulher, mas funcionam como portas
de saída nos municípios onde não existe nenhum outro tipo de serviço.



Informações mais detalhadas sobre todos esses serviços você obtém no site da Secretaria de Políticas para as Mulheres: www.sepm.gov.br



Acesse a versão em pdf da publicação com os principais achados da Pesquisa Instituto Avon/Ipsos - Percepções sobre a Violência Doméstica Contra a Mulher no Brasil (2011)
Mais informações:
Betina Piva: redacao.betina@ppagina.com
(11) 5575-1233, ramal 212 – (11) 9464-2098
Instituto Avon

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