Em 2 ocupações realizadas na terça (24), funcionários de usinas e a Polícia espancaram trabalhadores. O despejo não tinha ordem judicial
Violência, corre-corre, confusão, truculência policial. Não, não estamos falando do massacre que está ocorrendo na comunidade Pinheirinho, em São José dos Campos, interior de São Paulo, onde mais de 7 mil famílias estão sendo despejadas na base da força para atender a especulação imobiliária patrocinada pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB). Essa cena aconteceu nesta terça-feira (24) em Maceió, contra mães, pais e crianças que fazem parte do Movimento Terra Trabalho e Liberdade (MTL).
Segundo relatos dos trabalhadores sem terra, o movimento realizou seis ocupações em espaços públicos para cobrar que o governo de Alagoas libere recursos para que o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) faça vistoria nos assentamentos do movimento no Estado. Só na região de São Luiz do Quitunde, o MTL possui 11 assentamentos que faltam saneamento básico e infraestrutura para que as famílias possam sobreviver.
Em duas das seis ocupações, as que ficavam próximas às usinas Santa Clotilde e Cachoeira do Mirim, os trabalhadores foram surpreendidos no momento em que montavam as barracas de lona. “Um companheiro nosso estava cortando a lona quando os jagunços junto com policiais militares chegaram empurrando todo mundo. Ele cortou o dedo com a ferramenta que ele usava para cortar a lona”, contou um dos coordenadores do MTL, Antônio Alves ao Primeira Edição. Segundo ele, oito funcionários da Usina Cahoeira do Mirin auxiliaram a polícia na ação.
Alves informou ainda que a ocupação estava sendo feita às margens da AL 101, e que para serem despejados, a polícia deveria ter apresentado uma ordem judicial. “Eles não explicaram nada. Só chegaram já batendo na gente e tomando as nossas coisas”, explicou o sem terra. Depois de repressão à base da violência, as 23 famílias que participavam a ocupação foram obrigadas a entrar em um caminhão. Eles foram despejados próximos a Praça Padre Cícero, no Conjunto Benedito Bentes.
Nesta quarta-feira (25), os trabalhadores procuraram órgãos como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/AL) e o Ministério Público Estadual para denunciar o abuso cometido pela polícia. O trabalhador que foi ferido durante a repressão ocorrida próximo a Cachoeira do Mirim, esteve na tarde desta quarta-feira no Instituto Médico Legal Estácio de Lima, em Maceió, para passar por exame de corpo de delito.
De acordo com Antônio Alves, na próxima terça-feira (31) às 10h no Fórum Agrário, uma reunião com representantes da OAB, MPE, Incra e Comissão de Direitos Humanos (CDH/AL) está marcada e lá os trabalhadores do MTL irão apresentar as denúncias de abuso cometidas pela polícia.
Um novo acampamento às margens da rodovia, próximo a entrada do Conjunto Benedito Bentes está sendo levantado pelo MTL. "Vamos resistir até que a nossa luta seja ouvida pelo Governo", contou Alves.
Fran Ribeiro/www.primeiraedicao.com.br
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