quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Reforma Agrária: Enquanto o INCRA discute apenas uma política de combate à miséria

Continuaremos acampados...

Alagoas sedia a reunião dos superintendentes dos INCRA’s do Nordeste com o seu presidente, Carlos Guedes. O que poderia ser uma oportunidade de ampliar e massificar a distribuição de terra no nordeste e em Alagoas, de discutir estratégias para assentar milhares de famílias sem terra que há anos estão acampadas em rodovias ou fazendas; ou ainda, melhorar as condições de vida das famílias assentadas que sofrem com a falta de estrada, de energia adequada, de água potável, de educação no campo, postos de saúde, campo de futebol... Tornar o campo e as áreas de assentamentos um lugar bom de viver.

O que deveria ser uma parada para refletir a atual situação do INCRA, que foi esvaziado pela política do governo federal ou ainda uma discussão que tivesse como alicerce o segundo Plano Nacional de Reforma Agrária, esquecido pelo governo Lula e transformado em arquivo morto pela presidente Dilma. Ou então para efetivar as reivindicações dos movimentos sociais do campo que lutam pelo limite da propriedade da terra e a revisão dos índices de produtividade. Outro ponto relevante seria como o Estado brasileiro vai incorporar as terras das usinas de açúcar que estão falindo na região e colocá-las à disposição dos INCRA’s estaduais para transformá-las em áreas da reforma agrária.

Na nossa visão não passa de mais uma reunião, sem uma novidade a ser dita. O centro do encontro é um retrocesso histórico e político que é a confirmação que a Reforma Agrária, que deveria ser fortalecida como uma Política de governo vem sendo transformada num programa; pegando carona no Brasil Sem Miséria para sobreviver.

Lamentável o rumo do governo federal, que fez opção pelos grandes projetos, colocando os bancos oficiais e o dinheiro público para financiar as grandes obras que o capital impõe (transposição do rio São Francisco, Transnordestina, copa do mundo, usina de Belo Monte, usinas de cana de açúcar...), utilizando um discurso social para justificar os recursos disponibilizados. Ao mesmo tempo trata os conflitos e as tensões sociais com programas assistencialistas que não modificam as estruturas, não trabalham a autonomia camponesa e colocam milhares de nordestinos numa situação de fragilidade.

Propomos aos superintendentes dos INCRA’s nordestinos que enfrentem este debate abertamente, que lutem para que o INCRA volte ocupar um espaço privilegiado no governo, que volte a ser o órgão responsável pela reforma agrária, que oxigenem o órgão com concursos públicos e valorização dos servidores e que se coloquem contra a ofensiva do capital, em favor das comunidades tradicionais e dos assentamentos da reforma agrária.

Enquanto o governo insistir com a política que nega a reforma agrária vamos nos recusar a participar desses momentos, que legitimam o modelo e constroem um pseudo-diálogo entre o governo e os movimentos sociais.

A nossa pauta é a mesma e vamos continuar acampados.

Maceió, 31 de outubro de 2012.

Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem terra (MST) Movimento de Libertação dos Sem Terra (MLST) Movimento Terra Trabalho e Liberdade (MTL) Comissão Pastoral da Terra (CPT)

O que é Programa de Aquisição de Alimentos - PAA?

Agricultura Familiar A agricultura familiar gera mais de 80% da ocupação no setor rural e responde no Brasil por sete de cada 10 empregos no campo e por cerca de 40% da produção agrícola. Atualmente a maior parte dos alimentos que abastecem a mesa dos brasileiros vem das pequenas propriedades. A agricultura familiar favorece o emprego de práticas produtivas ecologicamente mais equilibradas, como a diversificação de cultivos, o menor uso de insumos industriais e a preservação do patrimônio genético. Em 2009, cerca de 60% dos alimentos que compuseram a cesta alimentar distribuída pela Conab originaram-se da Agricultura Familiar.

O que é o PAA?

O Programa de Aquisição de Alimentos - PAA - é um instrumento de estruturação do desenvolvimento da agricultura familiar, acionado após a etapa final do processo produtivo, no momento da comercialização, quando o esforço do pequeno produtor precisa ser recompensado com recursos que remunerem o investimento e a mão-de-obra e lhe permita reinvestir e custear as despesas de sobrevivência de sua família. Considerado como uma das principais ações estruturantes do Programa Fome Zero, o PAA constitui-se em mecanismo complementar ao Programa Nacional de Agricultura Familiar (Pronaf).

Instituído pelo art. 19 da Lei nº10.696, de 02 de julho de 2003, e regulamentado pelo Decreto nº 6.447, de 07 de maio de 2008, o Programa de Aquisição de Alimentos - PAA promove a aquisição de alimentos de agricultores familiares, diretamente, ou por meio de suas associações/cooperativas, com dispensa de licitação, destinando-os à formação de estoques governamentais ou à doação para pessoas em situação de insegurança alimentar e nutricional, atendidas por programas sociais locais.

Sua operacionalização é simples, pois a compra é feita diretamente pela Conab, sem intermediários ou licitações, e com preço recompensador. Em uma de suas modalidades, os alimentos adquiridos são destinados de imediato a programas sociais da região, com o que se movimenta a economia local a um custo menor, porque se evitam os "passeios" desnecessários.

Abaixo estão os preços praticados pela CONAB apra através do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) que regula o valor previamente tabelado para a relação de comercialização entre os produtores e a CONAB.

Como se vê, a tabela encontra-se desatualizada constando valores ainda de 2009 para alguns produtos. Esta é uma das limitações que a lei que instituiu o PAA não previu um período nem um percentual de correção baseado na média de inflação acumulada no periodo para ser mais atrativo e dá mais segurança ao produtor.



UF: AL
Município: Maragogi

Produto: POLPA DE MARACUJA

Unidade de comercialização Preço * Data
KG R$ 4,50 26/08/2011
UN R$ 3,60 28/01/2009

Produto: MAMAO HAVAI

Unidade de comercialização Preço * Data
KG R$ 1,90 12/07/2011

Produto: RAIZ DE MANDIOCA

Unidade de comercialização Preço * Data
KG R$ 0,60 25/08/2011

Produto: POLPA DE GOIABA

Unidade de comercialização Preço * Data
KG R$ 2,29 06/03/2009

Produto: BANANA DA TERRA

Unidade de comercialização Preço * Data
KG R$ 1,70 20/09/2012

Produto: POLPA DE ABACAXI

Unidade de comercialização Preço * Data
KG R$ 4,00 05/10/2012

Produto: BANANA PRATA

Unidade de comercialização Preço * Data
KG R$ 1,10 20/09/2012

Produto: MEL DE ABELHA

Unidade de comercialização Preço * Data
KG R$ 7,50 11/12/2010
LT R$ 7,50 10/02/2010

Produto: DOCE DE BANANA EM CALDA

Unidade de comercialização Preço * Data
KG R$ 7,00 24/01/2011

Produto: POLPA DE GRAVIOLA

Unidade de comercialização Preço * Data
KG R$ 5,50 05/10/2012
LT R$ 5,50 11/09/2012

Produto: LARANJA LIMA

Unidade de comercialização Preço * Data
KG R$ 0,75 26/10/2010
* O preço da consulta é referente à última aquisição do produto no município pelo PAA. Observa-se que alguns preços de anos anteriores são de operações que foram realizadas com o produto, porém pode acontecer que em anos seguintes o mesmo não figurou no projeto.

(fonte:Conab/MTL-AL)

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