segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Acampamento da Praça Sinimbu completa 10 meses


Após despejo no início do ano em Murici, famílias se dividiram entre a margem da BR 104 e a Praça  no centro de Maceió

 NOTA MTL

Era pra ser mais um dia de labuta, de preparo de terra para o plantio, tratos com animais ou colheita. Depois de sete anos de acampamento as famílias se enraizaram na terra e construíram uma vida e uma estrutura capaz de mantê-los no campo, longe da violência e dos precários serviços públicos urbanos. Muitos se chocam com cenas dos que vivem na rua, sem se saber ao certo sua origem e se estar ali  foi opcional ou pela violência da omissão do estado.

Foi um início de ano que, apesar das preces para ser promissor e de felicidades, o que se viu foi tamanha violência com a terra e com seus ocupantes.

Homens, crianças, mulheres, crianças [nascidas e em gestação ] e alimentos foram arrancadas suas raízes prematuramente do chão. Todos choraram esse  apartheid pela relação amável e respeitosa que tinham com a terra. A vida e a harmonia com a mãe terra foi quebrada. A vida foi abortada. 

Esse despejo  [como qualquer outro] simboliza um “aborto” praticado pela usina Santa Clotilde; Judiciário [através da Vara Agrária] e Estado de Alagoas. Um é mentor desse crime [usina]; outro legalizou [judiciário] e o Estado executor: à força, pelas armas, cavalaria, spray e muita agressão. A vida insistia em viver. Em ser plena. Os embriões lutaram com uma força incomum, pressentindo o sabor amargo conseqüência desse parto, que ficariam ao relento.

Animais irracionais avançaram montados pela força policial, na irracionalidade de cumprir ordens e amedrontar, ficando mais alto e com mais força física com seus iguais. Olhando e atacando a miséria do alto com plano de estado. Era a cavalaria tão usada contra multidões, que ultimamente sempre reclama por um direito negado: nos bloqueios de ruas por moradores; nos presídios quando a vida agoniza; contra sem terra; sempre alguns muitos, por poucos. Por migalhas, por que estão sem; 

Como em certa fase da escravidão, mãe e filhos (gente e terra) são separados. Rasgados, pois, viviam colados. Inseparáveis sem o uso da violência, sem haver derramamento de sangue. E o sangue jorrou. Várias pessoas feridas e uma teve o braço atravessado por bala, que foi denunciado uso de munição letal (de borracha deixa hematoma). Depois da ação desastrosa e da “feiúra” da praça querem que o movimento “limpe” a cidade. Dê destinos sem a devida solução das partes envolvidas.

Uma luta de classe exposta na luta pelo meio de produção. O agronegócio, representado pelos latifundiários e usineiros apenas para acumular riqueza e especulação. Do outro lado forte pela quantidade e fraco desprovido de direitos e defensores, os trabalhadores que lutam pela sobrevivência.  A vida e a necessidade versus o patrimônio. Os olhos cegaram: uns pelo ódio irracional de cumprir ordem incondicional do estado. outros pela ardência do efeito do gás lacrimogênio . Bens materiais valem e são protegidos mais do que as pessoas. Produção de alimentos para segurança alimentar é menosprezado em detrimento de exportação.

Maceió, novembro de 2011.
Coordenação do MTL/AL

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