Após despejo no início do ano em Murici, famílias se
dividiram entre a margem da BR 104 e a Praça no centro de Maceió
Era pra ser mais um dia de labuta, de
preparo de terra para o plantio, tratos com animais ou colheita. Depois de sete
anos de acampamento as famílias se enraizaram na terra e construíram uma vida e
uma estrutura capaz de mantê-los no campo, longe da violência e dos precários
serviços públicos urbanos. Muitos se chocam com cenas dos que vivem na rua, sem
se saber ao certo sua origem e se estar ali foi opcional ou pela violência da omissão
do estado.
Foi um início de ano que, apesar das
preces para ser promissor e de felicidades, o que se viu foi tamanha violência
com a terra e com seus ocupantes.
Homens, crianças, mulheres, crianças
[nascidas e em gestação ] e alimentos foram arrancadas suas raízes prematuramente
do chão. Todos choraram esse apartheid pela relação amável e
respeitosa que tinham com a terra. A vida e a harmonia com a mãe terra foi
quebrada. A vida foi abortada.
Esse despejo [como qualquer outro] simboliza um “aborto”
praticado pela usina Santa Clotilde; Judiciário [através da Vara Agrária] e Estado
de Alagoas. Um é mentor desse crime [usina]; outro legalizou [judiciário] e o
Estado executor: à força, pelas armas, cavalaria, spray e muita agressão. A
vida insistia em viver. Em ser plena. Os embriões lutaram com uma força
incomum, pressentindo o sabor amargo conseqüência desse parto, que ficariam ao
relento.
Animais irracionais avançaram
montados pela força policial, na irracionalidade de cumprir ordens e amedrontar,
ficando mais alto e com mais força física com seus iguais. Olhando e atacando a
miséria do alto com plano de estado. Era a cavalaria tão usada contra
multidões, que ultimamente sempre reclama por um direito negado: nos bloqueios
de ruas por moradores; nos presídios quando a vida agoniza; contra sem terra;
sempre alguns muitos, por poucos. Por migalhas, por que estão sem;
Como em certa fase da escravidão, mãe
e filhos (gente e terra) são separados. Rasgados, pois, viviam colados. Inseparáveis
sem o uso da violência, sem haver derramamento de sangue. E o sangue jorrou. Várias
pessoas feridas e uma teve o braço atravessado por bala, que foi denunciado uso
de munição letal (de borracha deixa hematoma). Depois da ação desastrosa e da “feiúra”
da praça querem que o movimento “limpe” a cidade. Dê destinos sem a devida
solução das partes envolvidas.
Uma luta de classe exposta na luta
pelo meio de produção. O agronegócio, representado pelos latifundiários e usineiros
apenas para acumular riqueza e especulação. Do outro lado forte pela quantidade
e fraco desprovido de direitos e defensores, os trabalhadores que lutam pela sobrevivência.
A vida e a necessidade versus o
patrimônio. Os olhos cegaram: uns pelo ódio irracional de cumprir ordem
incondicional do estado. outros pela ardência do efeito do gás lacrimogênio . Bens materiais valem e são protegidos mais do que as pessoas. Produção de alimentos para segurança alimentar é menosprezado em detrimento de exportação.
Maceió, novembro de 2011.
Coordenação do MTL/AL
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