quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Sem Terra do MTL desocupam Incra em Maceió após 69 dias de ocupação e retornam para praça


A desocupação foi motivada pela agenda no dia 28 com representantes do governo federal para discutir  aquisição de imóveis rurais.

 

Despejados em janeiro do ano passado violentamente da fazenda Cavaleiro, também conhecida por Gulangi, após quase sete anos de acampamento  na zona rural de Murici, distante 51 km da capital, as famílias foram para as margens da BR 104. Em fevereiro do mesmo ano, temendo cair no esquecimento, o acampamento se dividiu e 30 das 70 famílias resolveram montar barracas  na Praça sinimbu, na porta do Incra.

Foram longos 15 meses no logradouro público, sem estrutura, sem banheiro  e sem a terra. Ao final desse tempo, a prefeitura de Maceió acionou o judiciário e os sem terra sofreram mais um despejo. "O intuito do despejo era para reformar a praça e arrumaram apenas alguns bancos quebrados", disse Quitéria, uma das acampadas.

No dia 31 de maio, o Incra  tentou  levar o grupo da praça para o assentamento Flor do Mundaú, em Branquinha. A prefeita Renata Moraes reuniu compradores de lotes de vários assentamentos (armados )e expulsou o Incra e os sem terra do assentamento, com o pretexto que o municípios não comportava. "Os sem terra iriam trabalhar em lotes comprados ilegalmente e não sobrecarregar os serviços da cidade", disse Rafael Carlos da coordenação.     

Com o segundo despejo em um dia (da praça e de Branquinha) os sem terra voltaram para Maceió e ocuparam a sede do Incra, montando acampamento nas calçadas dos cômodos de trás da autarquia federal. "Como as barracas não ficavam  aparentes, para muitos, que não viam os sem terra na praça, deram o problema por resolvido", declarou  Antônio Alves, membro da coordenação. "E como não resolveram, ele reapareceu", completou.   

A esperança para este acampamento que tem idade de despejo da vara agrária de um ano e sete meses (24 de janeiro de 2011) e um ano e seis meses de praça, é o convênio entre os governos de Alagoas e Federal, com repasse  para aquisição de quatro imóveis rurais que resolveria a tensão nos imóveis mais tensos (e antigos de ocupação) em despejo, um de cada movimento (MTL, CPT, MLST e MST), motivo dos últimos protestos da semana, com vários bloqueios de rodovias e anúncio de resistência dos trabalhadores a desocupação ante a morosidade e recuo na política de assentamento do governo federal.

Com a  agenda em Brasília (28) com representantes do governo Dilma para tratar dessa pauta, os sem terra que ocupavam a Sede do Incra há 69 dias,  em reunião com a superintendente, Lenilda Lima, decidiram dá um voto de confiança e desocuparam o Incra. A reunião será com o Ministro da Reforma Agrária,  o Presidente do Incra Nacional, o Secretário Geral da Presidência e a  Ministra da Casa Civil.  A representação de Alagoas será  do governo, do Incra, do TJAL e dos Movimentos sociais, membros do Comitê de Mediação de conflitos agrários, criado pelo governo de Alagoas em parceria com  a presidência do judiciário em busca de soluções pacíficas para as tensões no campo.

(Assessoria do MTL/AL)


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