GERAL
08.02.2011 | 17h50
Famílias despejadas ocupam Praça Sinimbu
Integrantes do MTL, as famílias foram expulsas da fazenda Cavalheiro, no município de Murici
Gazetaweb - com Dulce Melo e Roberta Batista
Na tarde desta terça-feira (8), integrantes do Movimento Terra, Trabalho e Liberdade (MTL) começaram a ocupar dois locais no Centro de Maceió, a Praça Sinimbu e a sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). A ocupação está sendo feita por aproximadamente 75 famílias que foram despejadas há 20 dias da fazenda Cavaleiro, no município de Murici. A líder do movimento, Quitéria Paulino Barbosa, explicou que mais famílias despejadas, as da Usina Utinga Leão, chegarão para ocupar a praça e que os animais dos despejados também serão levados para a Sinimbu.
“Amanhã a gente vai trazer os animais, boi, galinha, cavalo, o que tiver. Nossa situação é de calamidade e de dor. Nós não matamos, não roubamos para viver uma situação dessa” - disse Quitéria.
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Quitéria Paulino também revelou que as famílias só irão deixar o local quando “arrumarem um local para a gente”. Os sem-terra repudiam a perda das lavouras ocorrida durante o cumprimento de reintegração de posse e se dizem sem expectativa de garantir a sobrevivência.
"Não tivemos o direito sequer de colher o que poderia garantir nosso sustento por alguns dias. Foram oito anos de investimento para acabar dessa forma"- reforça Quitéria.
Seu Orlando Conceição, de 54 anos, porém com aspecto mais envelhecido, está recém-operado e afirmou ter entrado em depressão após o despejo. "Além de ter me operado e ainda não me recuperar direito, perdi toda a criação de porco que tinha. Só restou um animal. Agora pergunto como será daqui para frente"- diz o agricultor que foi submetido a cirurgia de hérnea e teve uma tela implantada na região da virilha.
Na Praça Sinimbu as barracas ainda começam a ser montadas, no entanto a sede do Incra já está com muitas famílias que armaram redes e se espalham pelos corredores. Lá também, os trabalhadores rurais amarraram alguns produtos no muro, como inhame, banana, cana de açúcar e hastearam a bandeira do Movimento para que sejam percebidos pela sociedade.
"Falamos com algumas pessoas do Incra o queremos ver o que podem fazer por nós. Mas, afirmamos que só haverá desocupação quando nos indicarem um local definitivo. Só saímos daqui com eles, do Incra, na frente a as famílias atrás"-enfatiza Quitéria Paulino.
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